29 setembro 2009

Eu nunca vi um negro

por: Graziela Gama

Dona Isabel Cristina Leopoldina Augusta Miguela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon foi a primeira moça que usou de sua influência para com as pessoinhas que tinham mais melanina. Certamente não foi ela que começou com a idéia Abolicionista, mas minha dúvida é o que a levou a se interessar por essas pessoas tidas como inferiores.

Aproximadamente 122 anos depois, as pessoas ainda não se acostumaram com a presença dessas queridas pessoas com a melanina nas alturas no mesmo ambiente que os branquelos de cabelos lisos (e fakes como os meus), Brazyl? Chega a ser um estranho, quando na verdade era para ser o contrário.

Imaginem vocês que 45% da população total do Brasil, de acordo com o Censo Demográfico de 2000, ouvem e sentem, todos os dias, as perguntas e os preconceitos de uma porcentagem muito infeiror, o RESTO da população. São 76 milhões de brasileiros tratados como seres estranhos, a segunda maior concentração do mundo, e só perde para a Nigéria.

No conceito de 'Ser diferente é normal' o que realmente temos de diferente? Cor, estilo, conhecimento ou alguma doença como a Síndrome de Down? Se cada vez mais estamos tentando nos desvincilhar dos padrões, nada melhor que somente um negro em um lugar onde tenham 99,9 % de pessoas desprovidas de pigmento para que se torne o centro das atenções.

A diferença do negro para o resto das pessoas é que eles nascem somente para explicar à sociedade como é crescer sentindo o preconceito. E de acordo com as mudanças nas leis, também explicam o que acham das cotas e o desenrolar dessa discriminação (ou não). E quando conseguem se fazer entender para os curiosos, ainda acham estranho toda sua sabedoria.

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