07 dezembro 2009

Parte da Historia

Por: Agne
Foto: Heloisa Lucas por Flávia Scarcelli wolff


O calor era insuportável, a fome igualmente, a viajem era longa, e a tristeza de ser arrancado brutalmente de suas crenças, raízes,e de sua terra natal, contribuiu para que muitos não chegassem vivos ao novo “Lar” chamado Brasil. Descrição triste para começar a falar da raça que foi trazida e ajudou a construir a sociedade que se vê hoje, com toda a sua diversidade e pluralidade.

Se você come uma boa feijoada, luta capoeira, joga flores para Iemanjá na virada do ano, sinta-se homenageando a cultura negra também, todas essas situações foram válvulas de escape, utilizadas pelo negro no período de escravidão e deixadas como herança para a sociedade Brasileira. A feijoada foi criada com os restos dos porcos que os patrões não utilizavam, como pé, orelha, rabo, a capoeira, a única defesa encontrada para se defender de homens que muitas vezes estavam armados, e santos como Iemanjá foram introduzidos na igreja católica para mascarar a religiosidade de origem africana que era proibida no Brasil. E mesmo com toda essa influência, o negro ainda é marginalizado pela sociedade.

Ao conversar com o jovem universitário Wallace Weriton, 20 anos, negro podemos sentir que há uma mudança na sociedade, ele é a prova viva de que o negro já passa a fazer parte do espaço acadêmico. Segundo a visão do estudante falta espaço para o negro, e um pouco de ousadia também para que ele possa lutar e garantir sua ascensão. Wallace, quando questionado sobre a importância da cultura negra no país, expõe uma visão interessante e pertinente, o negro pode, e deve ser apresentado como quem tem uma cultura e inteligência a ser vista e contemplada, e não apenas como o povo oprimido e injustiçado, imagem que muitas vezes a mídia faz questão de retratar.

Dia 20 de novembro, comemora- se a consciência negra, data especial para homenagear um herói de quem não se ouve falar muito Zumbi dos Palmares, homem que ficou famoso por liderar o maior quilombo brasileiro de negros fugidos do cativeiro. Em algumas cidades essa data passou a ser feriado, com o objetivo de conscientizar a população da luta contra o preconceito enfrentado pela raça, que ainda hoje sofre com a segregação social imposta pós libertação. Sobre a tal data o estudante pensa ainda que o feriado não faz muita diferença, afinal falta uma manifestação de conscientização, por parte de toda a sociedade.

A luta para a valorização do negro diante da sociedade começa ai, o próprio negro precisa se valorizar, ser ousado, conscientizar a própria raça, da beleza de seus heróis, suas historias, e principalmente suas características físicas, e aceitar seus valores para que a sociedade possa admira-los também. O feriado é uma conquista que precisa ser bem utilizada, a idéia é boa, mas empregada de forma errada deixa a luta contra o preconceito parada no mesmo degrau.

Fonte:http://roulets.blogspot.com/